segunda-feira, 16 de março de 2009

Questão de escala

Quando penso que os políticos deste país estão nadando em um mar de corrupção, espionagem, propinagem, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e influências, me pergunto, será que a falta de ética e moral vem do berço? A resposta que me vem à mente é, sim.
Na verdade todos nós, em níveis diferentes, temos propensão ao jeitinho ou a corrupção pesada, na verdade, é tudo uma questão de escala. Se perguntássemos às pessoas se foram 100% éticas e honestas ao longo de suas vidas, certamente nos certificaríamos que ninguém o foi. Isso, se pudéssemos contar com a sinceridade do respondente.
Desde pequenos somos criados para competir e vencer. O melhor brinquedo é o nosso e se não temos brinquedos podemos usar esta situação para nos beneficiar fazendo alguma espécie de chantagem emocional ou ainda, como uma desculpa para tê-lo a qualquer custo.
Baixamos filmes e músicas sem pagar, compramos CD/DVDs piratas, artigos roubados ou clonados, desbloqueamos vídeogames e aparelhos de sinal de TV fechada, tudo para nos beneficiar, mas para todos estes pequenos delitos temos uma justificativa compreensível e até aceitável, assim, como devem ter os políticos quando desviam dinheiro da saúde para suas contas bancárias.
Mesmo correndo o risco de exagerar, chego a pensar que se nos colocassem em contato com este mundo do alto escalão, onde, o poder e o dinheiro são a base da sobrevivência, será que não nos renderíamos ao delito? Com uma boa razão claro.

Imagino que na política, seja praticamente impossível se manter à parte desta rede de corrupção porque se não se envolve com ela também não pode atrapalhar. Se temos políticos que não roubam ou não estão envolvidos com o tráfico, também não podemos tê-los como éticos, pois ficam olhando para o crime calados esperando o gordo salário no fim do mês. Enfim são coniventes.

Assim, alguns freudadores, cientes do erro, tentam se justificar, outros, se vangloriam com o feito e se sentem muito espertos acusando o fraudado de ser trouxa. E tem aqueles, que simplesmente gostam de cometer delitos, estão consciente das conseqüências e não se importam com elas, enfim não tem escrúpulos nem noção alguma de ética.
Furtar comida no armazém, baixar arquivos ilegais na Internet, incentivar a pirataria, burlar o imposto de renda, não fornecer nota fiscal, superfaturamento de obras, caixa 2 ou desvio de dinheiro público, todas elas são ações fraudulentas o que as difere é a escala.

terça-feira, 10 de março de 2009

Haja Motivação

O fator motivacional está em moda, muito falado pelos empresários porém muito pouco praticado. Me parece que estão tornando muito complexa uma questão muito simples que é a motivação dos empregados, funcionários, colaboradores ou seja lá o nome que queiram utilizar. Em linhas gerais, o único motivo pelo qual acordamos cedo, nos deslocamos e passamos em média 8 horas do nosso dia trabalhando para outros, é porque recebemos para isso. Aqui, alguns vão pensar: Eu gosto do que eu faço e faria de graça. Ai pergunto, sem outra fonte de renda? por quanto tempo irá gostar do que faz?.
Como prova, de que o salário é a maior motivação, imagine que você deseja um aumento e vai conversar com seu chefe, porém este, antes de ouvir a sua reivindicação, lhe confidencia que estão pesando em demissões e estão considerando cortá-lo da empresa. Em segundos, vamos da insatisfação ao instinto de sobrevivência.
Então, uma boa remuneração resolve a questão? No fator motivacional, em grande parte, sim.
As empresas inicialmente não consideravam a satisfação dos empregados, mas ai passaram a chamá-los de colaboradores, time ou equipe e acharam que a questão motivacional estava resolvida. Enganaram-se.
Enquanto alguns autores sugerem que as empresas tratem seus funcionários como coleginhas de infância, fazendo exercícios, entoando hinos, levando os funcionários ao parquinho, cuidando de seus filhos e até de seus animais de estimação, outros chutam completamente o balde, como é o caso da polêmica publicitária alemã, Judith Mair, que lançou o livro Schluss mit Lustig, Acabou a Diversão, onde o tema central sugere que o funcionário deve ser feliz em casa e não na empresa. Ela defende uma vigilância ostensiva para o cumprimento de rígidas regras de trabalho.
Tanta discussão poderia se resumir em duas ações para as empresas: remuneração adequada e não empregar qualquer esforço em tornar os empregados infelizes.
O custo da vigilância e pessoal para fiscalizar o cumprimento de regras é alto e pode ser alocado para uma melhor remuneração e quanto ao fator motivacional, esqueça!
Se estamos trabalhando unicamente por causa do salário, alguma motivação outra para continuar vivendo devemos ter e não cabe a empresa se preocupar com isso. O problema, é que tem empresas que não suportam ver um funcionário feliz. É só o tempo de perceberem isso e já imaginam que está faltando trabalho, então lá vem um rodízio e, caso tenha mais pessoas rindo o melhor é uma reengenharia total. Tanto esforço para minar a pouca motivação existente, já que o salário não cumpre seu papel, parece ser um tiro no próprio pé então, deixem o pessoal trabalhar.
Para deixar claro, pague um salário justo, não tente motivar seu funcionário com qualquer coisa que não seja salário e ponha um fim na perseguição da felicidade deles. Estas são as 3 principais ações para um clima organizacional saudável.
E os empresários? Podem elogiar e parabenizar o funcionário quando merecido, isso é bom sempre, mas se puderem evitar discursos públicos de como a empresa reconhece seus colaboradores e prioriza um RH melhor, os funcionários agradecem.
E os funcionários? O ideal seria que trabalhassem pelo que recebem e não usassem indevidamente o local, material nem o tempo de trabalho. Mas até que não tenhamos outra postura empresarial, seria mais conveniente esconderem sua felicidade e disfarçarem um leve mau humor para evitar um desgaste ainda maior na sua, tão incompreendida, motivação.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Especialista X Faz-tudo

Hoje em dia é comum ouvirmos alguns conceitos, que algém importante falou e convém acreditar, onde o perfil de um bom profissional é aquele "multi-tarefa". Com este perfil, um funcionário sabe atuar em todas as áreas da empresa. Este novo conceito faz com que às empresas estimulem a figura do velho "faz-tudo" e, para adestar o funcionário, vem adotando os temíveis rodízios que é o pesadelo de qualquer um (talvêz pela perda da individualidade). Estes processos geram, normalmente, mais stress organizacional do que propriamente resultados e, fora o lado prático de sempre se ter um faz-tudo por perto, sabemos que, a menos que tenhamos super-poderes, não temos tantas habilidades natas assim. Então, se eliminarmos os especialistas do mercado, num futuro próximo, as empresas estarão abarrotadas de profissionais que sabem fazer um pouco de tudo e, ao mesmo tempo, específicamente nada!
Admitindo, mesmo que hipotéticamente, que temos super-poderes e que podemos atuar em todas as áreas de uma empresa com eficiência, isso não quer dizer com eficácia, razão pela qual, não são propostos rodízios aos altos escalões. No entanto, a aplicação do rodízio nos níveis operacionais é tido como moderno e arrojado. O ponto positivo talvez, seja a descoberta de novos talentos até então escondidos, porém, para isso basta dar a oportunidade e abertura suficiente aos colaboradores para se apresentarem sem a necessidade de gerar uma bagunça operacional. Se saber realizar todas atividades, ao ponto de poder trabalhar sozinho, é importante para as empresas, então poderíamos ter aulas com o dono do armazém da esquina. Mas ai vem a pergunta. Porque o dono do armazém da esquina não é dono de uma grande corporação? a resposta talvez continue no ramo do especialista.