segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Resistência à Mudança

Recentemente, em uma demonstração sobre o funcionamento de um processo de redesenho empresarial, um senhor de meia idade, que estava apresentando o projeto manifestou-se sobre a dificuldade de implantar mudanças na cultura das organizacões, onde os colaboradores normalmente oferecem resistência ao novo. Em sua explanação, exemplificou com o fato dos casais sempre dormirem cada um em "seu" lado na cama e nunca se permitirem trocar de lado, perdendo assim, a oportunidade de um ponto de vista diferente até do próprio quarto e atribuiu isso, ao fato de termos dificuldades com mudanças.
Pode fazer sentido, mas podemos pensar a questão de um ponto de vista diferente.
O ser humano é sim um ser que precisa de grupos sociais, porém, "o lado da cama" é a prova de que o homem é um ser social mas que precisa de um mínimo de individualidade e se pensarmos em um casamento, a única individualidade que resta aos integrantes do casal talvez realmente seja o "seu lado na cama" e, perder este símbolo da individualidade pode trazer o medo de não saber mais ser um indivíduo e somente ter vida em sociedade.
Nas empresas este pensamento também tem sua aplicabilidade, o indivíduo entra na empresa tímido sem muita ousadia, ai é estimulado a trabalhar em equipe e ele o faz muito bem, isso talvez porque ele adquiriu confiança pois tem os seus colegas, a sua mesa, a sua sala, a sua empresa... Prive-o disso em um processo qualquer de mudança como: reengenharia, redesenho ou até mesmo mude sua forma de trabalho e terá resistência pois estará ameaçando sua rotina a sua individualidade na empresa. Tire toda a individualidade do funcionário e poderá perder um membro da sua equipe.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Viagens do Tempo

Hoje recebi por mail uma mensagem relacionada à idade... O título "Mulheres Maduras" mexeu comigo, pois gritou algo em mim. Ai meu Deus! Isso é comigo, já tenho 36 anos!

Ao ler o conteúdo, notei que não estava me identificando com padrões do tipo: "Mulheres maduras tem olhar de loba experiente", "tem que ter mais conteúdo", "Não tem tempo para desperdiçar com bobagens de adolescente", "preferível ser Ana Maria Braga do que Daniela Cicarelli", "Beleza acaba um dia".
Todas essas frases tentavam justificar porque é melhor ser mais velha, traçando uma linha de comparação com as mulheres mais jovens. Isso me alertou ao fato de que às vezes me sinto criança, adolescente e gosto disso. E porque, em nome de Deus, alguém acharia ruim ser jovem! Insinuar isso, só torna a idéia de ficar velha pior.

Tenho orgulho das bobagens cometidas na adolescência, embora, nunca tenha me sentido imatura, e fiquei me perguntando: Será que perdi a noção do tempo? Será que meu comportamento condiz com a minha idade? Enfim, fui tirada de uma feliz ignorância com relação ao tempo em plena manhã de trabalho.

Não que me considere uma adolescente, sei da minha condição, mas ter de parar e pensar que tenho que preferir isso ou aquilo por ter 36 anos é frustrante. Para mim a infância e a adolescência foram muito boas e não quero apagar traços delas em mim.

Criou-se um clima de concorrência entre a fase adulta e a adolescência incompreensível. Porque comparar se não existem termos de comparação? São momentos completamente diferentes que passamos embora complementares. Já fomos um deles e eles serão um de nós e se "temos que servir de exemplo", que seja um exemplo que traga expectativas boas a estes adolescentes. Não quero passar a eles a impressão que a vida adulta é chata ou nostálgica. Cada um deveria ter sua própria reação ao tempo.

A sociedade cobra uma postura condizente à idade que temos, podemos aparentar menos idade e fazer coisas da idade que aparentamos, mas esconda isso, porque se souberem sua idade em números, muda tudo.

A vida nos dá tempo para tudo, para brincar de roda e boneca, usar minissaia, bijus, cabelos compridos, salto alto, de namorar, de ter filhos, ter carro, comprar casa e jogar videogame, mas a cultura social é tacanha e nos diz que tudo tem sua hora certa para acontecer e estipula limites de tempo com regas definidas. Com poucas variações, o senso de adequação à idade, nos induz a caminhos cada vez mais estreitos, escravizando até nossas vontades. Não importa se gosta de minissaia, importa quantos anos tem para poder usá-la.

Estas regras de comportamento ideal para cada idade, nos tiram tempos preciosos de vida, geram ansiedade que nos fazem pular etapas que não estão definidas nos roteiros estabelecidos pela sociedade. Deixamos a infância precocemente e cada vez mais cedo adolescentes viram adultos. Assim, só sobra mesmo mais tempo para a velhice.

Para exemplificar como nossas exepriências podem influenciar a percepção das coisas nas pessoas, dependendo de como for transmitida, podemos usar para efeito ilustrativo, a menstruação. Assim, uma pré-adolescente, que nem menstruou ainda, ao receber informações de experiências negativas de outras mulheres, terá um pré-conceito negativo formado sobre esta que, poderia ser uma das mais belas e aguardada manifestação feminina. Sem graça! O bom seria descobrir sozinha, curtir cada experiência como novidade especialmente feita para nós, o que de fato é.

Para que conceitos formados? Não deveríamos achar que esta idade é melhor que aquela, só viver! E de preferência sem pré-conceitos, fora do tempo que nos é imposto ao longo da vida, sem pré-conceitos e sem tabus.

O que realmente seríamos se vivêssemos sem tempo e regras, com apenas as informações físicas e nossas próprias vivências? Talvez a ingenuidade infantil e todas as bobagens da adolescência se somariam a outras descobertas pessoais que, sem interferência, completariam uma experiência de vida única com erros e acertos particularmente e verdadeiramente seus.

Se deixássemos que somente as limitações físicas nos mostrassem a passagem do tempo, talvez seríamos criança, adolescente e adulto por muito mais tempo, e teríamos uma existência naturalmente mais FELIZ.